segunda-feira, 10 de agosto de 2009

verão americano

Ano passado, em Las Vegas, literalmente fritei no calor surreal do deserto americano, onde a temperatura passava fácil dos 40ºC na sombra, jurando nunca mais pisar naquele inferno, pelo menos nessa época do ano. Como sou teimoso, e sob as bençãos de uma tarifa ridícula da TAM, embarquei aos EUA mais uma vez no verão, dessa vez para Nova York, sempre com a presença de minha amada noiva e fiel escudeira Andréa, que sempre encarou todas as minhas sandices. Nunca tinha ido lá no calor. Aliás, como sou fã do frio, sempre achei que a capital do mundo combinava com roupas pesadas, sobretudos elegantes, gente importante usando roupas de valor de um carro, mesmo no metrô.

Antes de sair do Brasil, me veio a mente o filme "Faça a coisa certa", de Spike Lee, onde ele captura de forma magistral o quão quante a grande maçã pode ficar. Como os dias quentes são minoria durante o ano, a cidade é preparada para passar frio, e não calor, e muitos lugares óbvios não contém climatização, como as estações de metrô (ar condicionado apenas dentro dos vagões).

Com sorte (?), desembarquei em NYC sob muita chuva, o que me rendeu um resfriado, e o que me deixou preocupado, em dias de gripes zoológicas. Por falar nisso, é incrível o total desprezo da imprensa americana pela pandemia do H1N1. Em verdade, a sensação é que ela só existe no Brasil. Na chegada no aeroporto americano, nenhuma menção do vírus. Nos telejornais, nada, muito menos nos jornais tradicionais. Em todo caso, um anti-gripal me manteve em pé pela semana que passei por lá.

Esse verão americano veio para constatar algo que parecia óbvio para nós outros, do lado de baixo da linha do Equador : todo mundo usa havaianas. Por onde se olhava, sobretudo para as jovens yankess, os "flip-flops", como eles chamam as sandálias de dedo de borracha por lá, compunham todo tipo de visual: das modernetes, com cabelos de chapinha, camisas Abercrombrie e bolsa da Coach, aos porra-loucas com camisetas pedindo "Paris Hilton Presidente Já".

Também, pela primeira vez, fui a um jogo de baseball. Esse é um capítulo a parte. Esse esporte, complicado de se entender, mas que no fundo é um jogo bastante ingênuo e infantil, gera bilhões de dólares na América. Semana passada, um jogador mediano, Mark Teixeira, do New York Yankees, assinou um contrato de 180 milhões de dólares, por um contrato de 8 anos. É o dobro do que recebe Kaká, um dos 3 melhores boleiros do mundo.

Outro parâmetro da dimensão desse esporte: cada time joga, no mínimo 162 vezes ao ano. A temporada, que vai de abril a outubro, tem jogo praticamente todos os dias. Mesmo assim, um jogo marcado ao meio-dia de uma quarta-feira (não era feriado), com um time de menor expressão, o espetacular estádio estava como seus 42 mil assentos lotados, com ingressos que podiam chegar a US 900. Cadê a crise? ou será que os desocupados estavam apenas desempregados e usando o seguro-desemprego para curtir um joguinho, regado a muitas cervejas e hot-dogs?

Enfim, sem pieguice, New York continua sendo meu destino favorito. É fascinante ver gente do mundo todo, vivendo sob o mesmo retângulo, sob a mesmas leis. Mas todo mundo no seu quadrado, é bom que se diga. Judeus, árabes, russos e cearences convivendo pacificamente, mas não necessariamente de maneira harmoniosa. Flagrei um árabe com uma camiseta que dizia "Ei, sou mulçumano, mas não entre em pânico, não vou explodir você".

Os dias de verão na América passaram rápido, como sempre, e agora é só esperar a chegada do frio e da neve. E que a TAM continue com suas promoções sem noção...See ya, folks!